O que podemos aprender com a quarentena?

Liberdade. Acho que eu nunca tinha parado pra pensar tanto nela. A gente era livre para fazer o que bem entendesse. De repente, veio um vírus e nos travou por completo.

Chega a doer o coração olhar pela janela as ruas vazias e o céu azul. O sol nos chama para sair, mas não podemos. Nunca o silêncio que vem de fora foi tão ensurdecedor. Não parece domingo. Não parece feriado. É algo inexplicável.

Por que a gente nunca valorizou tudo isso antes? Mais uma vez só percebemos o quanto é bom quando não podemos mais ter. Como me arrependo de ter reclamado várias vezes de ter que ir pra academia. Como me arrependo de ter falado que se eu pudesse só ficaria em casa. Como me arrependo de reclamar de ter que sair porque estava chovendo.

O que podemos aprender com a quarentena? (Foto: Esse Mundo é Nosso)

Que vontade de ir à padaria comprar coxinha. De ir ao parque andar mesmo sem nunca ter tido a menor vontade de fazer isso. De ir ao cinema comer pipoca sem ligar para quando a pessoa ao meu lado encostar no meu braço sem querer. Saudade até mesmo daquela conversa chata de elevador. De falar como estava quente naquela semana ou de comentar o jogo de futebol do domingo que eu não havia assistido.

Passamos os últimos anos reclamando que o tempo estava passando rápido demais. De repente, agora ele parece ter parado e a gente quer que ele voe. Não sabemos exatamente pra onde, mas queremos que ele voe.

O que podemos aprender com esta quarentena? (Foto: Esse Mundo é Nosso)

Dói ainda mais o coração saber que somos um só planeta, mas que agora estamos separados. Não podemos ir. Eles não podem vir. Quem imaginou passar por isso?

Mas, se pensarmos bem, não tinha hora melhor para este isolamento social acontecer. Será que depois que tudo isso passar vamos aprender a estar 100% nos lugares e 100% ao lado das pessoas fisicamente? Porque passamos os últimos anos nunca por completo.

Quando eu estava brincando com as minhas sobrinhas, meu celular sempre estava no bolso. E, a cada um bocado de tempo, eu parava a brincadeira para ver se não tinha nada de importante para ver. Mas o que hoje seria mais importante pra mim do que poder brincar com elas?

Quantas vezes eu estava em uma praia linda, mas tinha mais interesse em pedir o wi-fi pro moço da barraca para poder falar com alguém ou ler alguma coisa do que curtir o mar… E o que eu mais queria agora? Estar numa praia e nem precisava ser tão linda.

Foto: Esse Mundo é Nosso

Quantas vezes na mesa de um bar ou de um restaurante eu deixei meus amigos falando sozinhos e entrei no Instagram para ver fotos e stories? Como eu queria que nesta sexta a gente pudesse se encontrar e brindar pessoalmente.

Será que tudo isso que estamos passando na quarentena vai nos fazer mudar? Vai nos fazer refletir?

Será que os pais estarão realmente com os filhos quando estiverem ao lado deles? Será que a gente vai dar a devida atenção aos nossos pais no dia que marcamos um jantar com eles? Será que vamos saber a hora de começar e de terminar de trabalhar? Será que vamos ter o horário certo para matar o tempo no celular e nas redes sociais?

Alguns dizem que era profecia, outros falam que estava nas previsões do Zodíaco. Não sei de nada, mas a gente realmente estava precisando dessa chacoalhada para repensar muitas coisas.

Não precisava ser um vírus mortal, não precisa nos obrigar a ficar em casa por tanto tempo (sem falar daqueles que nem casa direito têm para ficar, né?), não precisava causar tantos danos econômicos e desempregos. Mas é a nossa realidade hoje.

Temos que ser fortes, segurar a nossa onda e ficar em casa para que a quarentena seja um sofrimento bem menor do que perder alguém por causa do novo coronavírus e nem poder se despedir direito. Depois que tudo isso terminar, vamos poder sair por aí como sempre fizemos só que melhores.

Vamos combinar de quando tudo voltar ao normal pelo menos no começo usar o celular na rua só para o estritamente necessário? Vamos tentar estar 100% onde nos propusemos estar?

Vendo o futuro assim tão de longe, é fácil falar e planejar, mas quando chegar lá não sei se teremos aprendido tanto assim. Torço para que sim tanto para mim quanto para você. E agora? Eu só queria poder ir até a padaria comprar a minha coxinha com catupiry.

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Adolfo Nomelini
Jornalista formado pela PUC-SP e pós graduado em Comunicação em Mídias Digitais, é apaixonado por música, coxinha, televisão, seus óculos e internet. Trabalha há mais de 15 anos com conteúdo online e passa boa parte do tempo "jogando o corpo no mundo, andando por todos os cantos e, pela lei natural dos encontros, deixando e recebendo um tanto".
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Comentários:
Ana Paula disse:

Para nós, o maior aprendizado até agora é que está tudo bem se não estiver tudo bem…
No início foi terrível me culpar pq eu achava q tinha q ser produtiva, q tinha q ser útil, que tinha que estar bem…
às vezes está, outras não… e tudo bem.

Juliana disse:

Adorei o texto!
Espero de coração que as pessoas melhorem em muitos pontos com tudo isso!
No mais, parabéns por levar a consciência que agora é momento de ficar em casa pra não perdermos entes queridos e nem fazer com que os próximos percam.