4 out, 2019 » Atualizado em 4 out, 2019
Eu nunca fui a pessoa mais radical do mundo. Aliás, bem longe disso. Sempre gostei dos meus pés em algum chão, nem que seja de um avião, e quando o assunto é mar, eu só gosto de entrar até o momento em que tenho o controle da situação.
Mas viajando eu acabo relaxando e fazendo coisas que eu jamais faria. Algo que para muitos seria bobo, para mim é um grande desafio. E não apenas quando são coisas radicais. Durante as viagens, a gente acaba se permitindo a viver experiências que nunca havíamos imaginado.
Andar de balão, nadar com peixes, ir num túnel de vento, fazer aula de surf e chegar a 50 m do fundo do mar num submarino foram algumas das últimas experiências que vivi. Nada tão radical assim, mas para mim cada uma é uma superação. Todas com aquela sensação de que eu fui capaz de fazer algo que para mim era difícil.
Na verdade, essa sensação começou quando viajei pela primeira vez sozinho. Foi uma dupla estreia. Era a minha primeira viagem desacompanhado e a primeira internacional. Naquele momento eu era o cara mais inseguro do mundo. Mas chegando lá eu me permiti aproveitar, conhecer, errar e até chorar. Voltei totalmente diferente para cá. Com mais opinião, com menos medo do dia a dia e com mais certeza de que eu conseguia me virar. Enfim, voltei mais corajoso e confiante.
Durante as viagens, entramos em outras culturas e absorvemos ensinamentos que nem imaginávamos que existiam. Dividimos bancos de ônibus com pessoas que jamais teríamos a oportunidade de encontrar um dia se não tivéssemos saído de casa para fazer aquela viagem. Arriscamos puxar assunto e temos até coragem de conjugar verbos em inglês no particípio.
Uma volta perto do hotel pode ser uma experiência tão rica quanto passar horas em um museu. Ter que dar aquele empurrãozinho para sair por aí e contar com a sorte para dar tudo certo. E, geralmente, a sorte está com a gente. É uma sensação maravilhosa.
Viajar é ter coragem de errar. Coisa que não costumamos aceitar no nosso dia a dia, no nosso círculo social. É poder virar para o lado errado do rua, tropeçar e cair, falar tudo errado para ser entendido, escolher uma camiseta que não combina com a bermuda, é tentar não julgar para não se julgado.
E justamente isso que nos faz ter mais coragem e confiança de encarar nosso dia a dia quando voltamos. De aceitar os outros e nos aceitar. Coragem de seguir em frente e de enfrentar os medos da próxima viagem.
Viajar é isso: é estar preparado para o novo e aberto para o mundo. É voltar menos preconceituoso e mais conhecedor de si.
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Jornalista formado pela PUC-SP e pós graduado em Comunicação em Mídias Digitais, é apaixonado por música, coxinha, televisão, seus óculos e internet. Trabalha há 8 anos com conteúdo online e passa boa parte do tempo "jogando o corpo no mundo, andando por todos os cantos e, pela lei natural dos encontros, deixando e recebendo um tanto".